Update rápido e eleições
Crônicas de Londres #11 - rapidinho sobre os últimos dias e o que está por vir!
Tô de volta, depois de uma semaninha sem aparecer por aqui. Apesar dos últimos dias terem sido movimentados e ter com muita história para compartilhar por aqui, simplesmente não tive tempo de sentar e escrever. Essa edição vai ser um pouco incomum. Vai ser um texto para botar o papo em dia e falar um pouco sobre o que tem por vir no Moodboard.
Semana passada tivemos a visita de um casal querido demais que além de padrinhos de casamento posso falar que são dois dos nossos melhores amigos. Mari e Comper, obrigado pela companhia aqui em Londres e pela viagem de Paris que com certeza será inesquecível. Claro que essa viagem, apesar de rápida, rendeu muita história, e em breve vou soltar um textinho falando da vinda deles, da nossa viagem e o que NÃO fazer em Paris em 4 dias.
Eles voltaram para o Brasil e nós voltamos para a rotina, porém de forma breve. Veio o final de semana e eu só pensava no jogo de sábado e se o Flamengo seria tricampeão da Libertadores. Deu a lógica, e o sábado ficou marcado pelo título que vi daqui e nunca vou esquecer. Primeiro pelo fato de estar aqui em Londres sozinho, bem diferente da última vez no Rio. Segundo pelo fuso horário que me fez ficar algumas madrugadas acordado para ver os jogos de quarta a noite e por fim pela conexão que torcer para o Flamengo sempre trouxe na minha família. Gente de Goiânia, Brasília, Jaraguá, Boston, Londres tudo reunida para falar do jogo e comemorar. E foi o segundo título do meu sobrinho Antonio, um flamenguista que já nasceu pé quente e já “viu” seu time campeão da Copa do Brasil e da Libertadores.
E por falar em Antonio, essa edição está sendo escrita de Boston, onde finalmente conheci esse serzinho que mal chegou e já mudou tanto nossa vida. Por aqui, devo ficar mais por conta de curtir e aproveitar esse amor e a família, mas claro que vou trazer aqui também um texto sobre Boston e essa passagem por aqui e falar dos comes e bebes da cidade e o que mais me interessar! Mas acho que qualquer coisa vai ser difícil de competir com meu sobrinho. Na verdade, afilhado, depois que eu e a Fernanda fomos surpreendidos com o convite mais especial que já recebemos: apadrinhar o Antonio.
Por fim, não quero ser alheio aos fatos do último domingo, dia que nós brasileiros elegemos nosso presidente. Não sou de falar de política muito abertamente, embora eu goste de falar sobre o assunto com pessoas mais próximas, onde realmente eu possa falar e ouvir. E digo isso justamente pelo fato de ser tão difícil ter uma discussão que não seja carregada de viés, para um lado ou para o outro, que torna a conversa chata e sem sentido algum, como convencer um torcedor do Vasco a torcer para o Flamengo e vice-versa.
Para entender como chegamos até aqui, recomendo muito o podcast da Folha, o Passado a Quente que conta a história sociopolítica brasileira ano a ano desde 2013 até 2022 que tenta explicar a o contexto que vivemos hoje a partir de um ciclo iniciado nas manifestações de junho e teve fim nesse cenário desastroso que vivemos hoje.
Minha intenção não é fazer nenhuma análise profunda sobre as eleições, o cenário econômico, político e social, mas apenas deixar registrado meu sentimento e reflexão. Os golpes de estado hoje em dia não acontecem mais aos moldes dos anos 60 onde os tanques iam para as ruas com a suposição de combater o comunismo. Hoje, a ameaça vem a partir do questionamento e desrespeito às instituições, da disseminação organizada de falsas notícias e narrativas, do ataque ao regime democrático e aos seus instrumentos, que apesar de imperfeitos, sustentam a democracia. Tivemos frente a frente dois candidatos: um que apesar dos avanços sociais econômicos vividos no seu governo, esteve cercado do maior caso de corrupção do país. Uma imagem cansada para boa parte dos brasileiros, inclusive para mim. Que tem uma agenda econômica estatizante e intervencionista, que se relaciona com regimes autoritários. O outro, não teve o mínimo de benevolência e compaixão em um dos momentos mais críticos da humanidade no último século. Não mostra o mínimo de respeito ao próximo e principalmente àqueles que mais precisam e que sempre foram marginalizados nesse país. Que não respeita as diferentes configurações de família e religiões, que tem falas racistas, misóginas e homofóbicas em uma frequência inexplicável e que questionou a lisura das eleições. Que negou a eficácia das vacinas, que interferiu na autonomia da PGR e da PF, que abarrotou o país de armas e legitimou a violência, e também tem casos de corrupção ao seu redor.
Cada um é livre para fazer suas escolhas e conviver com a escolha da maioria, mesmo que não seja a nossa, é um exercício da democracia. Mesmo estando nesse momento vivendo fora do Brasil, esse é o meu país onde sempre vivi e sei que vou viver. E por tudo isso, alívio!
Até semana que vem.