Viajar e conhecer lugares sempre foi algo que valorizei muito na minha vida e muito dentro de casa. E hoje, é uma das prioridades para mim e pra Fê e por isso a gente tem investido tempo e dinheiro para isso. Mesmo assim, esse último ano está sendo atípico na minha vida nesse sentido. A mudança pra Londres fez com que tivéssemos a oportunidade de irmos a mais lugares pela Europa sem gastar muito. E nesse meio tempo, entrou no nosso roteiro uma viagem que imaginei que não faria por agora devido a oportunidade de conhecer muitos lugares por aqui. Mas a chegada do meu sobrinho Antonio do outro lado do Atlântico, em Boston, fez com que acrescentássemos uma ida inegociável pra lá. E hoje, o texto é sobre a cidade, o que vimos, comemos e bebemos de bom por lá e sobre família, o motivo número 1 que nos levou até lá. Então bora.
Contei em uma crônica sobre uma viagem a Edimburgo que recebemos uma ligação inesperada com uma das melhores notícias que já tivemos na vida: a chegada do Antonio. Desde então, nosso triângulo familiar Goiânia-Boston-Londres se intensificou por meio de mais facetimes e ligações, tudo para ver aquele menininho (desculpa pai, mãe, Samih e Ana Luiza). Nosso plano era ir para Boston conhecer nosso sobrinho no Natal, mas acabamos antecipando pela oportunidade de ver minha mãe que estaria em Boston em novembro e por outros motivos que conto mais pra frente. Felizmente, a passagem de Londres para Boston não é tão cara (metade do preço do que seria para o São Paulo). Passagem comprada, malas feitas e vamos lá.
Primeira coisa, achei que Boston era uma cidade enorme, mas na verdade é relativamente pequena. Ainda que o carro pareça ser o meio de transporte principal de quem mora lá, como quase em todos os lugares nos EUA, Boston tem um climinha de cidade pequena, mesmo considerando o conglomerado de pequenas cidades ao seu em torno. Entre elas, Cambridge. É lá que fica o MIT e Harvard, e é lá que ficamos. Sobre MIT, o prédio principal com a cúpula é muito lindo e segundo a Fê, até dá vontade de voltar a estudar. Harvard não vi muito bem, só passei por lá de carro a noite e não deu pra ver muita coisa, mas o fato de estar em um lugar tão importante para a história dos EUA e reconhecida mundialmente tem seu valor. Embora Cambridge tenha seu charme, alguns lugares interessantes vida acontecendo por ali, os principais lugares que fui era em Somerville ou Boston. Tudo ali colado que nem dá pra ver que são cidades diferentes.
Sobre comida e bebida, até que fiquei bem animado com as experiências que tivemos. Acho que não dá para se comparar com a variedade e quantidade de opções da Europa (Londres, definitivamente não), mas tem algumas coisas muito interessantes por lá:
Para café da manhã, brunch ou até almoço a Tatte é uma rede, tem várias espalhadas por Boston e é uma ótima pedida. A relação do americano com café é diferente do brasileiro e raros são aqueles que pedem um espresso ou um café mais curto. Ao invés disso, se vê muitos copos enormes, cheios de leite, espuma e sabores que particularmente eu passo sem pensar duas vezes. Apesar disso, o café por lá é bom e a comida bem gostosa também. Vá para tomar um brunch, comer ovo, bacon, pão, iogurte, frutas, granola e essas comidas mais matinais.
Fomos também no Sarma, um restaurante mediterrâneo/árabe que serve pratos pequenos para serem compartilhados, o que eu acho uma boa já que dá pra experimentar muita coisa. Pra começar mandamos uns drinks da casa, eu pedi um que a base de bourbon que tava muito bom. Os outros drinks da mesa não me lembro, mas todos estavam no bons. Pra comer, pedimos vários pratos, mas o que me marcou foram uma pasta de abóbora com linguiça de carneiro e tortilha picante, um queijo haloumi com pasta de berinjela e um nhoque com bisque, tomate e azeitonas pretas. O preço é ok, nem muito caro nem muito barato, mas vale muito a ida.
Entre um dia e outro, revezamos entre algumas saídas para conhecer Boston e ficar em casa por causa do menino Antonio. Com 3 meses, ainda é um pouco difícil sair com ele para todo lugar e ficar muito tempo fora, mas isso não foi nenhum problema para nós. Na verdade, os dias e noites em casa foram tão gostosos quanto os passeios que fizemos por lá. Cozinhamos muito em casa, jogamos jogo de tabuleiro, joguei vídeo-game com meu irmão (nem lembrava a última vez que fiz isso) e conversamos muito enquanto vigiávamos pela câmera o sono do Antonio. Surpreendentemente para mim, até coloquei o neném pra dormir e troquei fralda. Essas noites em casa, sempre acompanhadas de boa comida e vinho.
Voltando aos passeios por Boston, agora vou falar sobre o que mais gostei e consideraria imperdível para quem for. Primeiro, uma caminhada pelo centro de Boston, dá para fazer tudo a pé e conhecer um pouco sobre a história do que é uma das cidades mais antigas dos EUA. Passe por Beacon Hill, veja uns prédios históricos como o Massachussets State Building e dê uma andada pelo Quincy Market, o famoso mercadão municipal que conhecemos. Embora tenha muitas opções de comida por lá, tem coisas melhores no entorno que valem mais a pena (chegarei no melhor deles ao final).
Ali no centro também tem a Commonwealth Avenue, uma rua linda que leva até o Public Garden. Com certeza um dos parques mais bonitos que já fui na minha vida. O clima ajudou muito, afinal nunca esperaríamos 20 graus e um solzão em pleno novembro de Boston. Continue o passeio pela Newbury Street, uma rua bem chique com várias lojas legais e linda também. Recomendo uma parada na loja da Concepts (mesmo que seja só para conhecer), uma marca de roupas de Boston que tem lojas apenas lá, NY, Dubai e Shanghai. Ela é famosa por também por colaborações com a Nike como o Dunk Lobster, que se relaciona diretamente com a cidade de Boston.
Além do centro, teve mais uma região que eu achei incrível que é o Seaport District. Uma zona portuária com vários prédios novos, bem moderna e com muita coisa para fazer. Andamos por lá e fomos também no Institute of Contemporary Art, um museu de arte contemporânea com um acervo bem legal em uma área linda na beira do rio. Quando fomos, estava tendo uma exposição com a temática de crianças que foi bem interessante e uma instalação da Yayoi Kuzama.
O último relato e dica que deixei propositalmente para o final é um dos melhores restaurantes que já fui. Bastante influenciado pela vontade que eu tava desse tipo de comida, pelo dia que tinha sido bem gostoso, pelo clima que estava ótimo e por estar lá naquele contexto todo com minha família. Mas verdade seja dita, o Neptune Oyster é simplesmente imperdível para quem gosta de frutos do mar e especialmente ostras. A baía de Boston e essa região dos EUA é bem famosa pelos pescados e o frescor era uma característica nítida na comida de lá. A fila era longa, afinal era sábado de sol e o restaurante, pelo visto, é bem prestigiado em Boston, mas valeu cada segundo de espera. Sentamos espremidos em um cantinho do balcão bem na frente do cara que fazia a proeza de abrir as ostras com habilidade. Pedimos algumas locais e um vinho grego para acompanhar (da uva Assyrtiko, típica de Santorini, recomendo). Não satisfeitos, ainda comemos lobster roll (um quente e um frio e dividimos tudo), que é um sanduíche em um pão tipo de hot dog recheado com lagosta. Bem típico de Boston e tudo perfeito.
Por fim, posso dizer que fiquei bem surpreendido com tudo que vimos em Boston e com tudo que tivemos oportunidade de conhecer. Mas nada, nada supera a alegria de estarmos lá, reunido com quem amamos, conhecer meu sobrinho e ainda receber o convite para apadrinhá-lo. Essas viagens que a vida pode nos proporcionar, lugares que conhecemos, comidas que comemos, não faria sentido nenhum sem a família para compartilhar e apoiar nesses movimentos que por parte são doloridos. Afinal não é fácil viver longe de quem a gente mais ama. Definitivamente, essa semana em Boston teve esse gostinho de estar perto de novo e por isso, tão especial.